KADIWÉU
Entre e avanços e retrocessos desde a chegada dos portugueses ao Brasil, na luta pela sobrevivência e efetivação de seus direitos, 305 etnias de 274 línguas diferentes, sobrevivem no tempo, cada qual com sua peculiaridade no que diz respeito a cultura, costumes, organização econômica, política e social. De acordo com o IBGE (2022), estima-se que hoje mais de 1, 7 milhão de indígenas no Brasil. Só no Estado de Mato Grosso do Sul existem oito etnias: Atikum, Guarani, Guató, Kaiowá, Kadiwéu, Kinikinau, Ofaié e Terena.
Dentre esses povos, falaremos do povo Kadiwéu, sobrevivente dos Mbayá, um ramo dos Guaikuru e guardam a lembrança de um glorioso passado. Foram aliados do Brasil na Guerra do Paraguai (1864 – 1870), por esse motivo, garantiram uma doação de suas terras da coroa brasileira (ALMEIDA, 2007). O seu território tem como limites naturais a oeste os rios Paraguai e Nabileque, a leste a Serra da Bodoquena, ao norte o rio Naitaca e ao sul o rio Aquidabã.
Vivem atualmente, na Terra Indígena Kadiwéu, uma área de 539.000,00 hectares, demarcada e homologada, desde 1984. Localizada no município de Porto Murtinho e Bodoquena, no Estado de Mato Grosso do Sul. Com 1.268 (mil e duzentos e sessenta e oito) indígenas, divididos em 06 (seis) aldeias (DSEI, 2023), sendo elas: Alves de Barros, Barro Preto, Córrego do Ouro, Tomázia, São João e, recentemente, sendo reconhecida, a aldeia Campina, como parte do município de Bodoquena, a 50 km da cidade de Bodoquena.
O povo Kadiwéu está presente na construção do Brasil, do Estado de Mato do Sul. Podemos notar com os nomes das cidades de origem Kadiwéu: Bodoquena – labogocena (atoleiro) e Aquidauana – akidawanigi (riacho). Temos também outras palavras de origem Kadiwéu como: Betione – bitioni (pronúncia masculina e bioni (pronúncia feminina) e Chapena – exapena (presilha)
Os Kadiwéu, são chamados pela literatura histórica como “índios cavaleiros”, por sua condição de possuidores de 6 a 8 mil cavalos, entre os anos 1526 a 1580. Se destacaram por sua admirável destreza na montaria, daí vem o vestuário “country” pelos homens Kadiwéu da atualidade. Guardam em sua mitologia, na arte e em seus rituais o modo de ser de uma sociedade hierarquizada entre senhores e cativos.
As mulheres Kadiwéu, são exímias artistas, seus grafismos geométricos usados na pintura corporal e na cerâmica, vem ganhando destaque no Brasil e no mundo. O povo Kadiwéu, se destaca também como a única etnia no Brasil que possui subdivisão da língua materna (língua Kadiwéu), homens e mulheres possuem falas diferentes. Além disso, é a única etnia no país que possui mais de 10 (dez) ritmos de danças diferentes ao som da flauta e tamborim.
Mais de 500 anos se passaram, contudo, o povo Kadiwéu não parou no tempo, como qualquer ser humano, busca também por melhores condições de vida. Mudanças são necessárias, porém, jamais perderam a essência da arte de viver e sobreviver no tempo. Mantém viva a sua identidade de um povo guerreiro e a sua cultura peculiar atravessa gerações.
(….)
Kadiwéu, povo da cultura deslumbrante;
É a riqueza do povo brasileiro;
É a exuberância da beleza do mirante;
Kadiwéu, nome do “índio cavaleiro”
Kadiwéu, está presente na história de Bodoquena;
Na construção do Brasil;
Kadiwéu, está na história de Aquidauana;
Isso é Mato Grosso do Sul, é Brasil;
Texto: Edelson Fernandes.
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